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  • juliafeldens

20/01/2024

Voltei de uma viagem pro sul muito melhor do que quando saí da casa em dezembro do ano passado. Ano muito difícil para o meu corpo, minha saúde. Desde agosto eu tomo vários antibióticos e por conta disso desenvolvi uma hepatite. Meu corpo não deu conta da quantidade de demandas e assuntos e questões que se enredaram pela casa. Viver intensidades o tempo todo e eu drenando minha energia. Acabei o ano um fio de vida, por causa de uma dinâmica que deveria repô-la ou multiplicá-la. Gerenciar um lugar como a casa e ser o centro desse vórtice de energias diversas me destrói tanto quanto me fortalece, na mesma medida. Confesso que tive medo de morrer, ou medo de ter criado uma doença em mim. Como um lugar que pulsa pode ser um lugar que me mata? De onde surgiu essa conexão? Pensando agora, vida e morte estão ligadas na origem. Eu não morri, mas com certeza morreram coisas dentro de mim. Voltei da viagem bem mais forte porque dei distância a tudo isso e respirei. Volto mais forte para resolver questões que vão mudar o rumo das coisas. As coisas mudam o tempo todo e precisam mudar para continuar vivas. É importante ter coragem de mudar e escuta para a vida para entender o que mudar. Comecei o ano arrumando os armários, separando o que não quero mais do que ainda quero comigo. Voltei com a vontade de fazer isso no meu armário e na minha casa-vida. Decidi que não quero mais sentir a casa se esvaindo pelas mãos, a casa é minha e com ela quero ficar. É uma medida pequena entre ganhar e perder a casa. Tornar minha casa a casa de todo mundo é importante pra entender quantas casas diferentes ela pode ser, mas também é triste ver ela de longe. Uma medida complexa.


Devolver espaços da casa para mim, para meu uso pessoal, construir espaços de solidão e reposição de energia. Espaços em que posso me recompor, me reinventar me reconstruir. Me deformo e me desmancho o tempo inteiro, o tempo inteiro me desmonto. Porque algo que alguém me diz serve para eu rever tudo em mim, uma atitude que vejo, uma perspectiva que percebo me refaz inteira e é tanta dor. Dor de rasgo mesmo. Dói no fundo. 


As diferenças, só agora estou entendendo o complexo que é me relacionar com isso. Para mim e para os outros. Entender outra perspectiva. Outra vida que tem outra forma de se relacionar com o mundo. Entender é muito difícil. Depois que você entende tudo muda porque você reaprende a viver a sua própria vida. Tudo fica mais claro e melhor. Mas até você compreender são muitas fases. Estranhamento, raiva, ódio dor, desprezo…acho que o desprezo é uma fuga. Não quero ver. Não vejo. Defesa. Não gosto dela dele do que vejo. Mas tenho que conviver. Uns desprezam, outros desdenham, outros odeiam, outros debocham, outros querem matar.  


Me sinto forte o suficiente para gerir estas questões. Me sinto forte o suficiente para lutar pelo meu lugar e pela minha vida dentro deste lugar onde, como numa floresta, vida e morte coexistem. 






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